Aquele era o tempo oportuno de Deus, elas estavam desfrutando da presença do Verbo Vivo em pessoa, portanto, não poderiam desprezar o momento. Maria tomou a atitude certa, na hora certa, com a disposição certa! Entendera que era o tempo oportuno; Marta, porém, não compreendeu. Agimos como Marta, e, muitas vezes, não compreendemos o tempo oportuno de Deus; somos enganados por nossas boas intenções. Queremos socializar (falar uns com os outros), no tempo que devíamos orar; desejamos avançar na carreira profissional, quando é tempo de crescer na comunhão com Deus; ansiamos por adquirir casas melhores para nossas famílias, quando devíamos estar trabalhando pela comida que não perece. Veja que são todas ações magníficas que exemplifiquei, nenhuma delas é errada, todas podem culminar na glória de Deus; porém, é preciso entender o tempo.

Que devemos trabalhar duro para cuidar da família, avançar na vida profissional, ter bons relacionamentos com os irmãos, é algo que sabemos bem; mas, não podemos fazer isso no tempo indevido. Por isso, é preciso ajustar a nossa vida ao cronograma de Deus, do contrário, estaremos fadados ao fracasso, ainda que tenhamos boas intenções! Portanto, muitas destas intenções, que as vezes não passam de egoísmo disfarçado, acaba em frieza em relação a obra de Deus. Entretanto, nada justifica a frieza espiritual, nem mesmo as nossas intenções de mudar o mundo.

O engano das boas intenções cria um terreno perigoso, nestas circunstâncias muitos já perderam, inteiramente, a orientação; não sabem mais discernir o sagrado do secular. Enxergam em suas boas obras uma janela para evitar o compromisso com Deus, como Marta, eles estão sempre inquietos, carregados de afazeres enquanto veem suas vidas passarem sem perceber a vida superficial que levam. Eles argumentam: estamos cumprindo com os nossos deveres! E, de fato estão, mas, não da maneira correta.

É muito fácil ser enganado pela boa intenção, se você é honesto com sua consciência, verá que isso lhe ocorre com muita frequência (o mesmo ocorre comigo). A luta contra este tipo de engano é desafiadora, pois, como mencionei, a tentativa de substituir a adoração por algo que integra a nossa necessidade presente é muito sutil; vencê-la implica renunciar a si mesmo e fixar os olhos no Calvário, lançando-se em Cristo numa atitude de confiança profunda. Essa foi a atitude de Maria, ela simplesmente confiou, por isso, ao invés de correr para lavar as vasilhas ou varrer a casa, manteve-se aos pés do Mestre, comendo do mais precioso maná, que um israelita poderia experimentar.