A Solidão dos Santos


  A busca por mais de Deus é uma jornada peculiar, e, para os que arriscam trilhar tal caminho, o Vau de Jaboque é inevitável. E, neste vau, terás que atravessar sozinho, ainda que rodeado de amigos. Terás que lutar até esgotar todas as suas forças, e, consequentemente, ser marcado, por aquele que te chamou. Este lugar, muito se parece com o Getsêmani, é ali que começa a solidão dos santos.

Consideremos Jacó e o Vau de Jaboque;

Este descendente de Abraão, cujo nome foi transformado em Israel, fez uma travessia que lhe custaria muito. Na ocasião, estava solitário, como a Escritura nos informa: Jacó, porém, ficou só […] (Gênesis 32: 24a). Ele era um homem de família grande, coordenava uma imensa equipe de servos e servas, entretanto, como registrado, ficou só. A luta dos que anseiam por mais de Deus não é coletiva. Mesmo que os santos desfrutem de uma excelente comunhão, uns com os outros, é na esfera individual, que revelam a Deus suas mais profundas angústias e dificuldades no caminho da santificação.

Alguns paralelos surgem a partir daqui:

Primeiro - A Comparação com o Getsêmani.

Segundo - A analogia com a Rota do Moriá, feita por seu “pai”, Abraão.

A partir da comparação com o Getsêmani, tem-se que a realização da vontade de Deus, visando agradar-lhe, é um caminho de solidão. A ocasião, escolhida para este texto, é narrada por Mateus. E, como sabemos, o Mestre disse que nove, entre os discípulos, deveriam se assentar onde estavam, pois, Ele iria além orar. Mas, com ele foram levados três discípulos, como escolheu, e, ainda assim, esteve sozinho naquela “guerra”. Nas palavras do evangelista: E, indo um pouco mais adiante […] (Mateus 26: 39). Todos estavam no Getsêmani, porém, Cristo estava “mais adiante”, sozinho. A semelhança de Jacó, que lutou sozinho na madrugada, Jesus batalhava na oração, enquanto seus “amigos” dormiam (ou tosquenejavam). Como Mateus assegura: E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos [...] (Mateus 26: 40a). 

A Rota do Moriá mostra o velho Abraão e sua luta solitária com Deus. Um dia qualquer, ele escuta a voz do Todo Poderoso, que, em vez de lhe propor novas promessas, o convoca para a Rota do Moriá. E, dali sairia um novo Abraão, cuja fé, seria mais uma vez, renovada. Para surpresa do expectador, o santo patriarca faz uma caravana modesta: leva dois servidores consigo e segue rumo a obediência. Contudo, num certo momento ele diz: Ficai-vos aqui… (Gênesis 22: 5a). Além disso, ele assegurou que estavam indo adorar e, que voltariam: … e havendo adorado, tornaremos a vós (Gênesis 22: 5b). A adoração a que Abraão se refere (em essência), consistia na obediência completa a Deus, até mesmo naquele pedido desafiador, em que fora provado, com o qual, sem reclamar ou deixar transparecer alguma dor, prosseguiu sua jornada de fé, experimentando a solidão dos santos. Por isso, eles foram (pai e filho) e adoraram, e voltaram, como afirmou (pela fé).

A partir do exposto, pode-se concluir:

Que a busca pela obediência, em rendição completa a vontade de Deus, é sempre uma via de solidão. Por ela, passam os servos e servas que não se satisfazem com um evangelho superficial; querem sempre algo mais; desejam a obediência completa, aquela, que resulta numa adoração em espírito e em verdade!

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